Homicídios quase dobram no Ceará em 2020; roubos também crescem

 
 
O ano de 2020 não tem sido fácil para o Ceará. Além da pandemia do novo coronavírus, a população já enfrentou uma crise na Segurança Pública, com um motim de policiais e bombeiros militares que durou 13 dias, e vê uma crescente no número de homicídios e roubos.
No acumulado do ano (de janeiro a março), o aumento no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) - índice que engloba homicídios dolosos, feminicídios, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios - é de 98,7%. Neste ano, foram 1.083 casos, quase o dobro de igual período do ano passado, que teve 545 registros. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Todos os meses deste ano tiveram aumento de mortes violentas, em comparação com igual período de 2019. Em janeiro, o crescimento foi de 38%. Fevereiro do ano corrente - mês em que aconteceu o motim dos militares - ficou marcado como o mais violento dos últimos oito anos, com 459 homicídios e alta de 179,8% no índice. Em março, o aumento foi de 89,9%.
Uma das vítimas da violência foi o policial civil José Valdenir de Sousa, de 49 anos, lotado no 8º DP (José Walter). O inspetor foi surpreendido por criminosos e morto a tiros, no bairro Jardim Cearense, em Fortaleza, na noite de 16 de março deste ano. Dois adolescentes foram apreendidos pelo crime.
Causas
O representante da Ordem dos Advogados do Brasil - Secção Ceará (OAB-CE) no Conselho Estadual de Segurança Pública do Estado (Consesp), advogado Laécio Noronha, afirma que falta uma política de segurança pública a longo prazo para o Ceará, que dê mais atenção ao social nas áreas que são mais afetadas pela violência e que tenha um maior investimento na Polícia Civil.
Sem essa política continuada, Laécio acredita que os homicídios vão continuar a oscilar no Estado: "Em 2015 e 2016, cai (o número de mortes). Em 2017, vai para o pico. Em 2018 e 2019, cai. E em 2020, sobe de novo. Para resultado permanente, tem que ter uma política permanente. Tem que fazer um trabalho onde a criminalidade nasce. São duas coisas: tem que ter uma boa repressão, com investigação, polícia técnica. Mas eu não conheço nenhum país seguro que não tenha resolvido seus problemas sociais".
 
 
O POVO

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